sábado, 29 de setembro de 2012

CP: Leixões ↔ Barca de Alva


I.Contentores para Espanha

Há dias fui confrontado com uma notícia que defendia a rentabilização dos portos de Aveiro e Figueira da Foz.

Esse projecto contemplava o transporte de contentores por caminho de ferro e previa uns «investimentozitos» avultados, nomeadamente em infraestruturas ferroviárias.

Pois bem, atendendo ao histórico dos portos em questão, nomeadamente na disponibilidade quase constante para aderir a greves (nem de propósito, aí está mais uma...), não parece nada adequado um projecto desta natureza.

Há que pensar que estamos em crise, que o País está debilitado, que greves destas são uma irresponsabilidade e, sobretudo, porque as greves têm uma repercussão bastante negativa no que respeita aos clientes... que têm compromissos e não podem estar sujeitos aos humores e reivindicações dos funcionários.

Muito mais sensato e razoável me parece a utilização de um porto com uma gestão e eficiência impecáveis (Leixões) em conjugação com uma linha férrea (Linha do Douro) que, para além de subaproveitada, já conduz quase até à fronteira espanhola.

A reactivação do troço Pocinho-Barca de Alva - em má hora suprimido - não será demasiado dispendiosa, já que «apenas» haverá que colocar travessas e carris. Afinal a linha já existiu e os aterros estão feitos.

Com um pequeno parque de contentores do seu termo (para começar) far-se-ia o interface ferro-rodoviário para servir a região Zamora-Salamanca e, quem sabe, até mais além.

Como se trata de uma ligação transeuropeia, se a RENFE se mostrar interessada, poderá haver comparticipação de Bruxelas e, deste modo se reactiva, preferencialmente em tráfego nocturno, uma linha que alguns descrentes e «velhos do Restelo» já falam em encerrar...




 

II.Turismo

Douro ↔ Castilla y Leon

A interligação ferroviária Porto ↔ Salamanca (↔ Madrid), proporcionada pela reactivação da Linha do Douro, viria introduzir uma nova valia no incremento do turismo transfronteiriço entre duas regiões vizinhas: Douro e Castilla y Leon.

Do lado do Douro temos o Porto monumental, as caves de vinho do Porto em Gaia, o Douro património mundial, os cruzeiros no rio, a gastronomia, as quintas.

Do lado de Castela e Leão, temos as cidades monumentais de Valladolid, Salamanca, Zamora (lembram-se de 1143?), Tordesillas (e o seu tratado)... e a ligação a Madrid. Enfim, muita da história comum aos dois países.

Uma via férrea a funcionar devidamente ligando essas cidades ao longo do vale do Douro e das suas paisagens deslumbrantes é um incentivo aos turistas de ambos os países para um intercâmbio cada vez mais intenso.

Afinal estas regiões têm vivido de costas voltadas dadas as dificuldades de comunicação entre elas e as distâncias a percorrer... Frutos do centralismo governativo que só tem olhos para Lisboa e Algarve.

Há tempos fiz um cruzeiro no Douro e tenho dele a melhor e a pior recordação. A melhor, os dois dias de viagem rio acima. A pior, a viagem de comboio rio abaixo. Um comboio sujo, meio decrépito, lento, incompatível com o prestígio da região e com as expectativas dos turistas nacionais e estrangeiros que fizeram a viagem. Eu ouvi as conversas (em várias línguas)... e não foram elogiosas.




Pessoalmente (mas isto é especificamente uma opinião pessoal) o tipo de composição ferroviária condizente com a imagem que devemos dar do Douro seria uma actualização das clássicas carruagens da Wagons Lits dos anos 30, repescadas onde quer que estivessem, recondicionadas e adaptadas à bitola ibérica.
Devidamente mobiladas com o luxo da época (mas com ar condicionado e comodidades modernas), com vagões pullman, vagão restaurante, carruagem-bar bem fornecida, seriam a mais valia indispensável, o «toque de charme» que completaria uma viagem de sonho.

Para propulsionar esta composição, parece-me ser a mais adequada uma locomotiva diesel tipo 1800 (não demasiado moderna), devidamente restaurada e pintada à cor da composição, e decorada com o respectivo emblema.
Isso sim seria um comboio perfeito!

Estações de paragem deste «Comboio Azul»?

Para não haver misturas, apenas os locais onde atracam os barcos turísticos:
  • Barca de Alva
  • Pocinho
  • Pinhão
  • Régua
  • Campanhã
  • Porto (São Bento ou Ribeira)
Afinal trata-se de um comboio turístico de luxo e não de um meio normal de transporte das populações

No que se refere a ligações transnacionais, isso seria objecto de estudo dos sectores específicos da CP e da RENFE. Desde que não utilizem comboios a cair de velhos que afastam os turistas... Talvez o material Intercidades propulsionado por locomotivas diesel tipo 1900... enquanto se não justificar a electrificação.

Vão pensando nisso!


E, por hoje fico-me por aqui.

É o meu aniversário
e tenho a família à espera

Tchin-tchin

Até amanhã!



 

P.S. A CP está de rastos... Tem que arranjar clientes e serviço... Tem que vencer a inércia e aprender a usar a imaginação. Ou vai viver sempre à custa dos nossos impostos?


P.P.S. O Mundo do «Quem me acode» em 29-09-2012:




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